Filipe Heath
Ontem terminei uma leitura que me foi recomendada por um dos meus grandes amigos. É de extrema importância eu mencionar que este livro foi recomendado pois O Naturalista de Miguel Peres tem como premissa: "E se a homossexualidade fosse uma ação da natureza para travar a evolução humana?".
Primeiramente, fiquei realmente chocado quando li a premissa e não percebi o porquê deste livro estar a ser recomendado por um homem gay a outro homem gay. Quem lê apenas a premissa fica rapidamente com a ideia que o autor é um homofóbico com demasiado tempo nas mãos para chatear a vida dos outros.
A verdade é que este livro fala exatamente sobre o quão importante é ouvir as opiniões até ao fim e origina-se uma discussão incrível sobre a censura e sobre a cultura do cancelamento presente na nossa sociedade. Há que ter um olhar crítico sobre as coisas. Tenho de admitir que o desenrolar da história para mim não foi tão bom como o que a premissa prometia mas deixou-me a pensar bastante sobre o autor ter de facto liberdade criativa, no entanto, ter sempre de ter em mente se a representação que traz está bem realizada e não estar a ser contraprodutivo e fazer um desserviço à comunidade queer.
Entretanto, o autor enviou-me mensagem a pedir a minha opinião honesta sendo que esta foi a sua primeira publicação no que toca a prosa. Este livro de momento não sai da minha cabeça e cheguei a discutir bastante este livro com a pessoa que me recomendou, que é um dos maiores prazeres da vida.
Aqui vai então uma contracapa para o livro que mencionei:
Um curto romance sobre a era da informação e o modo como a processamos. Foca-se na cultura do cancelamento que pode destruir vidas e a liberdade criativa de um autor. Miguel Peres não tem medo de arriscar e traz à tona temas tabus que merecem ser discutidos.
Filipe, gostei do livro que escolheu para o exercício de contracapa. Vi que inclusive já o editou baseando-se nas discussões feitas em sala.
ResponderEliminarGostaria de deixar mais uma questão: já me aconteceu de escrever textos semelhantes ao seu e depois me pedirem para trocar o "pode destruir" por "destrói" (antes o seu texto contava com um "que por vezes", o que também flexibilizava um pouco a questão que coloco abaixo).
Assim sendo, pergunto: para você, esse tipo de modificação acrescenta valor ao texto? Tem o efeito contrário? Ou, ainda, é tão sutil que não vale o esforço de ser modificado?
De qualquer forma, bom trabalho.
Abraço,
Julia R.
Olá Júlia, desculpa responder quase um mês depois.
EliminarAcredito que o "destrói" tem sim mais impacto no leitor e acrescente valor à mensagem que estou a transmitir.
No entanto, acredito que não se aplica a todos os casos e sinto que é importante ler o livro para conseguir entender a escolha de palavras utilizadas no post. É difícil explicar-me sem dar spoiler.
Obrigado Júlia pelo comentário!
Já me aconteceu escrever
ResponderEliminarMas bom diálogo, Júlia e Filipe.
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