domingo, 28 de fevereiro de 2021

Exercício de tradução (para o Português Brasileiro)

 Tagiane Mai


Vocês não sabem o que é o amor
(uma noite com Charles Bukowski)

Vocês não sabem o que é o amor disse Bukowski
Eu tenho 51 anos e olhem pra mim
Estou apaixonado por essa garota
Tenho uma queda por ela mas ela também tem por mim
então tudo bem cara é assim que deve ser
Eu entro no sangue delas e elas não conseguem se livrar de mim
Elas tentam de tudo pra se livrar de mim
mas no final todas elas voltam
Todas elas voltaram pra mim exceto
aquela que eu enterrei

[...]

Vocês não sabem o que é o amor (uma noite com Bukowski)

Tradução por Joana Camões Pereira

Vocês não sabem o que é o amor disse Bukowski

Tenho 51 anos olhem p'ra mim

Estou apaixonado por esta gaja

Fiquei apanhado mas ela também ficou

portanto tudo bem meu é como deve ser

Eu entro-lhes no sangue e elas não me conseguem tirar

Tentam tudo para se livrar de mim

mas elas voltam sempre

Voltaram todas excepto

aquela que enterrei

Por essa chorei

mas nesses tempos chorava facilmente

[...]

Como convencer alguém a interessar-se por um livro?

Joana Camões Pereira

 

A melhor publicidade é aquela que ninguém vê, mas que põe o produto na mente do futuro comprador, mesmo que seja lá bem no fundo. O ideal seria conseguir dez segundos de antena no final de um comentário político ao domingo à noite ou meio minuto nas sugestões de leitura do Governo Sombra pôr um título nos lábios de gente conhecida é a melhor publicidade, torna-o logo interessante.

Mas muito poucos livros chegam a esse nível de referência, então, como fazer? Como fazer alguém interessar-se por um livro?

O melhor é dar umas injecções aqui e ali: enviar o press release para todos os subscritores da newsletter da editora, deixar um excerto numa story do Instagram, uma crítica de referência no Facebook, pôr a capa a circular nas «redes» com uma frase cativante barra polémica (dependendo do livro) e sempre que o autor for entrevistado ou ganhar um prémio, escarrapachar isso em tudo quanto é sítio (hoje só lemos livros de vencedores).

Tradução de “You Don’t Know What Love Is” by Raymond Carver

 

Tu não sabes o que é o amor disse Bukowski

Tenho 51 anos de idade olha p’ra mim

Estou apaixonado por esta jovem obscena

Fiquei apaixonado mas ela também

mas está tudo bem homem, é a maneira das coisas acontecerem

Eu entro-lhes no sangue e elas não conseguem tirar-me de lá

Elas tentam tudo para fugir de mim

mas no fim todas voltam para mim 

Todas elas voltaram excepto

aquela que eu deixei plantada

Eu chorei sobre essa

mas eu chorava facilmente nesses dias

Não me deixes ir para coisas difíceis homem

Eu torno-me mau aí[1]

Eu podia sentar-me aqui e beber cerveja

com vocês hippies toda a noite

Eu podia beber dez quartos desta cerveja

e nada é como água

Mas deixa-me ir para as coisas difíceis

e vou começar a atirar pessoas pela janela

Eu atiro qualquer um pela janela

Eu (já)[2] fiz isso

Mas tu não sabes o que é o amor

Tu não sabes porque tu nunca estiveste

apaixonado é assim tão simples

Eu tenho esta jovem obscena vês ela é linda

Ela chama-me Bukowski

Bukowski ela diz com a sua pequena voz

e eu digo O quê

Mas tu não sabes o que é o amor

Estou a dizer-te o que é

mas tu não estás a ouvir

Não há ninguém neste quarto

que reconhecesse o amor nem[3] se ele se aproximasse

e o enrabasse

Eu costumava pensar que leituras de poesia eram uma forma de nos evitarmos

Olhem pr’a mim tenho 51 anos e tenho andado por aqui

Eu sei que são uma forma de nos evitarmos

mas eu disse p’ra mim mesmo Bukowski

esfomeado é ainda mais uma forma de nos evitarmos

Então aqui estou e nada é como devia ser

Aquele gajo qual é o nome dele Galway Kinnel

Eu vi a fotografia dele num magazine[4]

Ele tem com ele uma bonita caneca

mas ele é um professor

Cristo podes imaginar

Mas vocês também são professores

aqui estou eu já a insultar-vos

Não eu não ouvi falar dele

ou desse também

São todos térmitas

Talvez seja ego Eu não leio muito agora nestes dias

mas estas pessoas que construíram

reputações por cinco ou seis livros

térmitas

Bukowski ela diz

Porque é que ouves música clássica o dia inteiro

Não consegues ouvi-la a dizer

Bukowski porque é que ouves música clássica o dia todo

Isto surpreende-te não é

Não ias pensar que um filho da mãe bruto como eu

podia ouvir música clássica o dia todo

Brahms Rachmaninoff Bartok Teleman

Merda coisas que eu não podia escrever aqui

demasiado calmo isto aqui há demasiadas árvores

Eu gosto da cidade esse é o lugar para mim

Eu ponho a minha música clássica todas as manhãs

e sento-me em frente à máquina de escrever

Acendo um cigarro[5] e fumo-o assim vê

e digo Bukowski tu passaste por tudo

e és um homem de sorte

e o fumo azul move-se em cima da mesa

e eu olho para fora da janela para a Delongpre Avenue

e vejo pessoas a andar para cima e para baixo no passeio

e dou uma baforada no cigarro desta forma

e depois ponho o cigarro no cinzeiro desta forma e respiro profundamente

e começo a escrever

Bukowski esta é a vida digo-o eu

é bom ser pobre, é bom ter hemorróidas

é bom estar apaixonado

Mas tu não sabes como é que é isso

Tu não sabes o que é o amor

Se pudesses vê-la-ias perceber o que quero dizer

Ela pensou que eu ia chegar aqui acima e fazer sexo

Ela simplesmente sabia-o

Ela disse-me que sabia-o

Merda tenho 51 anos e ela tem 25

Jesus ela é linda

ela disse que ela ia arranhar[6] os meus olhos se eu viesse aqui

e fizesse sexo

Agora isso é amor para ti

O que é que qualquer um de vocês quer dizer

Deixa-me dizer-te isto

Eu conheci homens na prisão que tinham mais estilo

que as pessoas que se dão entre colegas

e vão para leituras de poemas[7]

São chupadores de sangue que vêem ver

se as meias do poeta estão sujas

ou se ele cheira mal debaixo dos braços

Acredita em mim eu não vou desapontar-te

Mas eu quero que te lembres disto

há apenas um poeta neste quarto esta noite

apenas um poeta nesta cidade esta noite

talvez apenas um poeta verdadeiro neste país esta noite

e sou eu

O que é que vocês sabem da vida

O que é que vocês sabem acerca de qualquer coisa

Qual de vocês aqui foi despedido de um emprego

ou então ter espancado a sua namorada[8]

ou então ser espancado pela sua namorada

Eu fui despedido do Sears and Roebuck cinco vezes

Eles despediam-me e contratavam-me logo a seguir

Eu era um rapaz de stock para eles quando tinha 35

e depois fui apanhado por roubar bolachas

Eu sei como é eu estive lá

Eu tenho 51 anos de idade agora e estou apaixonado

Esta pequenota obscena diz

Bukowski

E eu digo O quê e ela diz

Eu penso que estás cheio de merdas na cabeça[9]

e eu digo querida tu percebes-me

Ela é a única rapariga obscena no mundo

homem ou mulher

Eu aceitaria isso

Mas tu não sabes o que é o amor

Todas elas voltaram para mim no fim

cada uma delas voltou

excepto aquela de que te falei

aquela que deixei plantada Nós estávamos juntos há sete anos

Costumávamos beber muito

Eu vejo alguns digitadores neste quarto mas

Eu não vejo nenhum poeta

Eu não estou surpreendido

Tu tens de te ter apaixonado para escrever poesia

e tu não sabes o que é estar apaixonado

esse é o teu problema

Dê-me alguma dessa coisa aí[10]

É mesmo assim sem gelo é que é bom

Está bom já está bom

Então vamos pôr este espectáculo a caminho

Eu sei o que disse mas eu vou ter apenas uma

Que saiba bem

Ok então vamos acabar com isto

só que depois ninguém fique em pé perto

de uma janela aberta



[1] Primeiro pensei em traduzir o “then” por “assim”, mas não faria sentido. O “then” significa um lugar no tempo e se fosse para ser ainda mais preciso ter-se-ia de dizer “aí nesse lugar”. Mas na minha opinião sobrecarregaria o texto de palavras. A razão é que se fosse uma conjunção consecutiva (assim) esta ficaria no princípio. No fim parece que o “then” adquire o sentido de lugar no tempo. Algo como: Quando eu chegar aí a esse lugar tornar-me-ei mau. Mas obviamente isto seria excessivo para traduzir o verso. Por isso decidi pôr simplesmente “aí”.

[2] O já não está no texto mas ajuda a compreender o sentido da frase, creio eu.

[3] Acrescentei o “nem” que não está no texto em inglês mas facilita a compreensão e é uma única palavra.

[4] Podia talvez traduzir-se por revista.

[5] É bem possível que “cigar” fosse melhor traduzido por charuto. Opto por cigarro porque permite a ambiguidade do sentido da palavra, entre cigarro e charuto.

[6] Talvez claw possa assumir o sentido de arrancar, neste caso, os olhos, mas não conheço nem encontrei nos vários dicionários esse sentido para a palavra, embora pareça óbvio que é isso que ela diz. Mas talvez não seja tão óbvio e seja de facto arranhar.

[7] Podia dizer-se colóquio de poetas mas não é isso que está no texto.

[8] Traduzi “broad” por namorada ao invés de rapariga ou rapariga obscena. Esta palavra é obviamente uma palavra de uso vulgar, é uma palavra feia, por assim dizer, e é difícil traduzi-la em todos os contextos, até porque os dicionários não colocam muitas vezes obscenidades no seu reportório de palavras. Este é o caso. Procurei e não encontrei: Oxford, Infopedia, etc.

[9] Acho que neste caso tem mesmo de se acrescentar alguma coisa para traduzir o “full of shit”. Em inglês é óbvio que é na cabeça, mas já em português não é tão óbvio assim se se tirar o “na cabeça”.

[10] Acrescentei o “algo” porque o sentido do verso ficava algo coxo sem se indicar que ele está a pedir algo concreto que outra pessoa tem, a saber, provavelmente, whisky.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Exercício - tradução poema Charles Bukowski

Raquel Paixão 


Vocês não sabem o que é amor

(uma noite com Charles Bukowski)


Vocês não sabem o que é amor disse Bukowski

Eu tenho 51 anos olhem para mim

Estou apaixonado por esta jovem miúda

Estou apanhadinho mas ela também me curte

então está tudo bem meu é assim que deve ser

Eu entro-lhes no sangue e não me conseguem tirar

Elas tentam de tudo para fugir de mim

mas no final acabam por voltar

Todas elas voltaram para mim exceto

a que eu deixei plantada

 


Exercício de tradução

 Joana Nunes


Vocês não sabem o que é o amor 

(uma noite com Charles Bukowski)

Vocês não sabem o que é o amor disse Bukowski

Tenho 51 anos, olhem para mim

estou apaixonado por esta jovem rapariga

Estou caidinho mas ela também está

por isso não há problema meu é suposto ser assim

Entro-lhes no sangue e não se conseguem ver livres de mim

Elas tentam tudo para se afastarem 

mas no fim todas voltam

Todas voltaram excepto

a que deixei plantada à espera

Chorei por essa

mas nessa altura chorava facilmente

Não me deixem começar com as coisas difíceis meu

aí torno-me mau

Podia sentar-me aqui e beber cerveja

com vocês hippies a noite toda

Podia beber dez quartos desta cerveja

e nada, é como água

Mas deixem-me chegar às coisas difíceis

e vou começar a atirar pessoas pelas janelas

Atirarei qualquer um pela janela

Já o fiz (...)

Exercício de Tradução

 Filipe Heath 

Tu Não Sabes O Que É O Amor (um fim de tarde com Charles Bukowski)

Tu não sabes o que é o amor, disse o Bukowski
Olha para mim, tenho 51 anos
Estou apaixonado por esta jovem complexa
Eu estou caidinho mas ela também se entrelaçou
portanto está tudo bem meu e é assim que tem de ser
Eu viajo dentro das suas mentes e é difícil se afastarem
Elas tentam de tudo para se distanciar
mas no fim das contas voltam sempre
Voltaram todas para mim exceto
a que eu plantei
Chorei por ela 
mas foi fácil chorar nesses dias

O Marketing Literário

 Filipe Heath

Como mostrar o livro às pessoas? Simples, redes sociais. Uso o Twitter, Instagram e Youtube desde 2013 como criador de conteúdo literário. São as três redes que uso, no entanto, temos muitas mais onde o conteúdo literário prevalece. Por exemplo, no TikTok (mais especificamente a comunidade BookTok) onde os vídeos de 7 ou 15 segundos sobre livros chegam a milhares de pessoas todos os dias. Tenho vários amigos dos Estados Unidos que usam para promover o seu livro. Não importa se a rede social é maioritariamente crianças de 15 anos a dançar, se soubermos usar, podemos vender milhares de cópias – isto aplica-se a livros em língua inglesa.

Como convencê-las a interessarem-se por ele? Como convencê-las a pensar comprá-lo? 

Partilhar as emoções que o livro nos faz sentir durante ou após a leitura. Recebo várias mensagens, sempre que falo inúmeras vezes com entusiasmo de um livro, que compraram o livro por minha causa. Os meus seguidores ao longo dos anos tornaram-se amigos virtuais e confiam nas minhas opiniões. Ao mesmo tempo, várias pessoas vão percebendo que temos os gostos parecidos então decidem apostar na leitura do livro.

Como não as deixar esquecer que decidiram comprá-lo? Faz-se a simples pergunta: já leste? Se não, partilha mais uma vez a tua experiência de leitura, seja ela positiva ou negativa, e explica o porquê de achares que a pessoa em questão vai gostar do livro. Tens de conhecer a pessoa minimamente e os seus gostos para poder recomendar algo desta forma.

Pior: como fazer sequer com que algumas pessoas (pelo menos, o público-alvo potencial) saibam que o livro existe? Se gostares realmente de um livro, nunca pares de o apoiar. Em dezembro, a minha amiga Diana Pinguincha lançou A Curse of Roses nos Estados Unidos. Ela percebeu que o seu livro não teria lugar nas prateleiras em Portugal (por ser um reconto sáfico do Milagre das Rosas) e decidiu publicar lá fora. Eu comprei no pré-lançamento, fiz inúmeros posts a antecipar a leitura. Quando foi lançado fiz sessões fotográficas, maquilhagens inspiradas na capa e partilhei o meu amor pela importância desta história.

Este mês, a minha amiga Leonor Ferrão lançou um conto (Amor À Primeira Assinatura) e eu comprei no pré-lançamento, fiz sessões fotográficas, falei com familiares e consegui que alguns comprassem e mostrei o orgulho pela Leonor ter conseguido publicar de forma independente. O livro esgotou no primeiro dia.

A moral é: não importa se estiverem sempre a repetir-se, nunca parem de falar nos livros que vocês acreditam que toda a gente deveria ler.

Exercício de tradução

Julia Roveri

Você não sabe o que é o amor (uma tarde com Charles Bukowski)

Você não sabe o que é o amor Bukowski disse

Eu tenho 51 anos olhe para mim

Eu estou apaixonado por esta jovem

Estou caidinho mas ela também está na minha

então tudo bem cara é assim que tinha que ser

Entro na cabeça delas e elas não conseguem se livrar de mim

Tentam de tudo pra fugir de mim

mas no fim todas voltam

Todas elas voltaram pra mim exceto

aquela que eu deixei esperando plantada

Exercício 4: Encontre cinco grandes títulos

Julia Roveri

Visto que este exercício tem um enunciado aberto à interpretação, optei pelo entendimento da palavra "grande" como sinônimo de "extenso". Aqui vão, então, os cinco calhamaços selecionados:


Já leram algum desses grandes títulos?



O drama existencial do marketing: como mostrar o livro às pessoas?

 Tagiane Mai


Pensando especificamente no mercado digital, investir em metadados pode resultar em uma exposição muito maior do livro – e, consequentemente, em um aumento considerável das vendas – em meio aos inúmeros estímulos que roubam nossa atenção ao navegarmos pelo ambiente virtual.

Os metadados consistem, basicamente, em dados que referem o título, a editora, a capa, a sinopse, as palavras-chave, a ficha técnica (incluindo o nome do/a ilustrador/a, tradutor/a, coordenador/a), a biografia do/a autor/a, e outros comentários sobre o livro. Mas não só isso. Se, depois de publicada, a obra recebeu algum prêmio ou uma crítica positiva em um jornal, por exemplo, essas informações podem ser incluídas no cadastro. Outra estratégia interessante é acrescentar títulos da mesma categoria ou de temáticas semelhantes, bem como outras publicações do/a autor/a.

Assim, quando “jogarmos” uma dessas palavras no mecanismo de busca de uma livraria digital ou mesmo no Google, os metadados trabalharão para que o consumidor “descubra” o livro ou para que determinado título apareça no topo da lista de resultados. Da mesma forma, os metadados possibilitarão a rápida localização da obra no sistema de uma livraria física ou de uma biblioteca.

E já que estamos falando de marketing, trago duas pesquisas que evidenciam a relação direta entre metadados e vendas. A primeira foi feita pela consultora GfK na Alemanha e demonstrou porcentagens significativas de aumento de vendas quando foram acrescentados dados sobre a disponibilidade (82%) e a sinopse (92%) do livro.

Fonte: Metadaten verkaufen Bücher. 

No Reino Unido, a Nielsen também observou um incremento nas vendas quando o cadastro de um livro apresentava todas as informações básicas (o BIC, na imagem a seguir) e também uma imagem da capa.


Fonte: Nielsen Book UK Study: The Importance of Metadata for Discoverability and Sales

E quem pode ficar responsável pela atribuição dos metadados em uma editora? Li em algum lugar que essa tarefa não deve ser delegada ao estagiário... Naturalmente, aquele que conhece melhor o livro será a pessoa que poderá fornecer as informações mais completas sobre ele. Será, portanto, mais uma tarefa para o editor?


***

Aproveito para deixar aqui o link para o curso "Marketing 360 graus para o mercado editorial (EaD)", promovido pela Universidade do Livro, que tem se destacado na oferta de cursos de aperfeiçoamento voltados à área editorial. 


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Sumário aula 3 e poema para traduzir (em construção)

O sumário ainda vai ter de ser completado, vou acrescentando coisas e compondo-o ao longo do fim de semana, mas aqui fica já o exercício de tradução

1. Peço apenas as primeiras dez linhas - podem no entanto entusiasmar-se à vontade. Acho que é um bom exercício porque é um poema fácil - sintaxe quase prosaica, sem complicações de maior - e muito próximo de traduzir a voz de uma personagem (não falamos todos de forma igual) numa obra de ficção

O que Raymond Carver faz é apropriar-se da voz do seu amigo mais velho Charles Bukowski, com o qual tem uma relação de admiração mas alguma distância. Pensem no poema como um conto, uma ficção: o autor é Carver mas o narrador/falador é Bukowski. Não é uma gravação, não é uma cópia, é... gosto muito do slogan do Inimigo Público: «Se não aconteceu, podia ter acontecido». 

You Don't Know What Love Is
(an evening with Charles Bukowski)

You don't know what love is Bukowski said
I'm 51 years old look at me
I'm in love with this young broad
I got it bad but she's hung up too
so it's all right man that's the way it should be
I get in their blood and they can't get me out
They try everything to get away from me
but they all come back in the end
They all came back to me except
the one I planted
I cried over that one
but I cried easy in those days
Don't let me get onto the hard stuff man
I get mean then
I could sit here and drink beer
with you hippies all night
I could drink ten quarts of this beer
and nothing it's like water
But let me get onto the hard stuff
and I'll start throwing people out windows
I'll throw anybody out the window
I've done it (...)


2. Vi hoje, sexta 26, este pequeno filme num jornal que assino e aqueceu-me o coração: 

um gangster que virou padre e usa as mesmas técnicas de distribuição de droga para distribuir comida. «Um caso de reciclar velhas técnicas com um novo objetivo», explica o pastor Mick. Lembrou-me um livro que li há uns anos, Narconomics - How to Run a Drug Cartel, onde (meio a sério, meio a brincar) o autor mostra a) o que os cartéis de droga aprenderam com o mundo empresarial e b) o que o mundo empresarial pode aprender (e já aprendeu) com essas maléficas organizações. 




Exercício 3: Indique a sua editora/livraria favorita

Daniel Regis


Sei que é clichê, mas é realmente difícil escolher o “favorito" das coisas. Se eu pensar em questão de editoras, entre as minhas favoritas estão a Aleph e a Darkside, sendo as duas brasileiras. A Aleph é uma editora que só publica livros de Ficção Científica e que tem um marketing digital muito bom, o que faz com que eu sempre queira comprar os livros que eles publicam. A Darkside, por outro lado, tem as melhores edições de luxo que já vi, com capa dura, fita de cetim e um ótimo design do livro todo.


Em questão de livraria, já digo de cara que não tenho uma favorita. Sou de Salvador, na Bahia, e lá eu não ia em nenhuma livraria especial e aconchegante ou em livrarias de bairro. As que eu mais ia eram a Saraiva e a Cultura, que tem o mesmo modelo de negócio que a Bertrand, ou seja, grande quantidade de livros mas sem nada especial. Espero encontrar uma livraria que possa chamar de favorita aqui em Lisboa, se não, vou ter que ir para o Porto e conhecer a Lello.

Correntes 26-27

 Este ano as Correntes são por zoom. O lado bom é que não precisam de ir à Póvoa. 

Podem ter acesso aqui. Talvez não saibam alemão (deviam, é a eurolíngua do futuro) mas sem esforço encontram os acessos. Chamem-lhe um pequeno exercício, se quiserem. Decidi fazer o desvio porque assim conhecem o Michael Kegler, um parceiro cultural da nossa língua naquele país, e faz tudo: jornalista, tradutor, divulgador, até livreiro já foi.

Há anos, janeiro 2015, Tomámos o pequeno almoço juntos, porque ele acabara de chegar e eu estava a partir. Perguntou-me: «Então, Rui, a vossa crise económica acabou?»

«Não, Michael, não acabou. Só a nossa atitude – e o discurso oficial – mudou. Agora discurso e atitude são mais positivos.»

«Ah, então a crise acabou.»


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 

Editora/Livraria Preferida(s)

 

Grande parte deste texto é prolixo propositadamente quando se podia responder meramente “é x” ou, “é y”. Assim, continuamos a encher umas linhas de forma a dizer que não temos editora nem livraria preferidas. Quando digo nós é por cortesia, porque devia estar a falar na primeira pessoa do singular. (Vêm? Escreve-se tanto mesmo quando não se tem nada para dizer. Há que dar azo à imaginação.)

Editora não tenho mesmo nenhuma preferida, embora as traduções de textos filosóficos me tenha sempre levado para a Edições 70, e a experiência deu-me a entender que os tradutores da Edições 70 não percebem nada do que lêm, e para a Gulbenkian ou Guimarães. Sei lá, a Assírio & Alvim é a melhor em termos de qualidade das traduções. No meu caso falta-me uma maneira de dizer qual é a minha favorita, isto é, um critério.

Em relação a livraria quando tinha cinco anos e ia comprar livros da Disney numa rua ao lado da minha, numa papelaria que devia ter-me a mim como único cliente, talvez nessa altura decidisse facilmente. Era essa. Agora, honestamente, não sei, embora passe horas na FNAC às vezes.

Guia de sinais de revisão

Mesmo com o semestre já findado, deixo aqui  este guia bastante completo dos sinais usados na revisão de texto. O  site  Revisão para quê t...