Francisco Rúbio
Já o contei e repito. No dia seguinte à eleição do Papa Francisco, voltei a vê-lo na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Vi um Papa que andava como um homem comum. Escrevi: “ele anda como toda a gente.” Gosto de pescar raridades destas.
Ontem, fui ao lançamento do livro dum amigo. O fotógrafo Rui Ochoa. É um livro de assunto único: sobre um homem, num momento muito importante (dele), durante o desafio para conseguir o desejo duma vida. Na segunda foto em que o vemos - na primeira está de costas -, ele está em casa e acaba de saber que conseguiu. É um momento forte e um disparo certeiro do fotógrafo, mas o que me traz aqui não é este. É o homem. O livro é sobre um homem que dá conta das pessoas à volta. Sabe-se da vida, Como os outros se dão conta de nós, com os olhos e com as mãos. Os olhos que nos procuram as mãos que pousam em nós.
Na campanha presidencial de Marcelo são esses: o homem e o momento. Ele farta-se de se dar conta dos outros. Na Bairrada, com o leitão espetado e a entrar no forno, Marcelo torce o pescoço para olhar o assador. E até aos adversários da campanha ele aproveita para lhes pôr uma mão no ombro. Eis o essencial que o livro de Ochoa nos mostra: o balanço duma presidência faz-se, claro, no fim do mandato e assim será com este. Para já, sabemos que de comum ele tem pouco e que ele tem um interesse comum pelas pessoas - ambas são raridades num Presidente. Pode ser o começo duma bela não sei o quê.
"Ele farta-se de se dar conta dos outros. Na Bairrada, com o leitão espetado e a entrar no forno, Marcelo torce o pescoço para olhar o assador." Faz mais sentido realmente.
ResponderEliminarFui ler o original para verificar as diferenças. E no essencial, são as frases mais curtas, que prefiro ler em crónica. Podem ser vistas como tropeções no ritmo ou como brevidade neste tipo de texto.
ResponderEliminarAinda não fui ver a 'não-solução' final do cronista, estou a gostar de ver o que vai aparecendo por aqui primeiro.
ResponderEliminarSou um pouco averso a frases curtas, como se vê, mas consigo perceber o que dizes acerca do seu ritmo ser mais adequado à crónica. Contudo, se forem muitas em pouco espaço parecem tornar-se em 'frases feitas' com facilidade.
Também acho. No entanto, pode enriquecer o texto. Podemos sempre alternar, enriquecendo o texto, dependendo também para que objectivo. Sermos breves. Abraçarmos, ao invés, a lentidão de uma frase mais prolongada que mantenha a atenção do leitor por apenas mais alguns, dolorosos, segundos. Mas cada vez mais, entendo a crónica como um formato que privilegia a leveza e a brevidade presente na espuma dos dias.
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