Joana Camões Pereira
Quando mencionado em aula que se preserva a ideia de que a leitura é algo positivo (pois tem-se o hábito de oferecer livros nos aniversários e no Natal), lembrei-me da tradição natalícia islandesa que transforma o Christmas em Bookmas — Jólabókaflóð.
Mas o que é isso? É a oferta de livros na noite de consoada e a passagem desse serão a ler na companhia de familiares. Nada de surpreendente se se tiver em conta os hábitos de leitura dos islandeses.
Verdadeiramente interessante é que esta tradição tenha resultado da crise subsequente da Segunda Guerra Mundial. Os produtos importados tornaram-se surrealmente caros, excepto o papel, e, para que o Grinch não roubasse o Natal, intensificou-se a oferta de livros, que mantiveram o preço acessível.
Salvou-se o Natal e a indústria editorial, que também estava a atravessar uma crise.
Naturalmente, esta tradição ímpar cria uma dinâmica diferente no meio editorial quando comparada com outros países. Anualmente, é enviado em Novembro um catálogo (Bókatíðindi) para casa de todas as pessoas, altura em que também ocorre uma grande feira do livro nacional.
Ainda que em Portugal o número de livros que saem entre Setembro e início de Dezembro para encher as livrarias seja grande e a luta por destaques em catálogos e montras se assemelhe a uma luta tribal, é incomparável à inundação que enche livrarias, hipermercados e até pequenas lojas de retalho na Islândia.
Em Portugal, não é o Natal que salva o mercado livreiro.
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