Miguel Francisco (pontuação) e Ferreira Fernandes (texto)
Já o contei, e repito: No dia seguinte à eleição do Papa Francisco,
voltei a vê-lo na basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Vi um Papa que andava
como um homem comum. Escrevi: «Ele anda como toda a gente». Gosto de pescar
raridades destas.
Ontem fui ao lançamento do livro dum amigo, o fotógrafo Rui Ochoa. É um livro de assunto único, sobre um homem num momento muito importante dele, durante o desafio para conseguir o desejo duma vida. Na segunda foto em que o vemos (na primeira está de costas), ele está em casa e acaba de saber que conseguiu. É um momento forte e um disparo certeiro do fotógrafo, mas o que me traz aqui não é este. É o homem. O livro é sobre um homem que dá conta das pessoas à volta, sabe-se da vida, como os outros se dão conta de nós com os olhos e com as mãos – os olhos que nos procuram, as mãos que pousam em nós.
Na campanha presencial de Marcelo, são esses o homem e o momento. Ele farta-se de se dar conta dos outros, na Bairrada, com o leitão espetado e a entrar no forno. Marcelo torce o pescoço para olhar o assador e até aos adversários da campanha ele aproveita para lhes pôr uma mão no ombro. Eis o essencial que o livro de Ochoa nos mostra: o balanço duma presidência faz-se, claro, no fim do mandato, e assim será com este. Para já, sabemos que de comum ele tem pouco e que ele tem um interesse comum pelas pessoas. Ambos são raridades num presidente. Pode ser o começo duma bela não sei o quê!
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