26: Encontre título e destaque para o texto abaixo. (Indique também o género, embora seja quase insultuoso eu fazer esta pergunta.)
Título:
Destaque [60-100 caracteres, com espaços]:
Escrevo
estas palavras letra a letra na escuridão. E porquê? Porque a luz do sol dá-me enxaquecas. Sempre
deu.
Ando
eu não sei quantos meses à espera dessa luz que só começa na Primavera e,
quando chega, como chegou este fim-de-semana, fico tão deslumbrado que me deito
a perder.
Se
calhar, abro de mais os olhos e deixo-me atingir pelo cortante dos raios que me
furam a vista – a maldita “aura” que anuncia cada enxaqueca – e, passado um
bocadinho, arrancam do meu olho direito uma dor debilitante que é como se
estivesse a ser apertado num torno.
A
única coisa que posso fazer é deitar-me na escuridão, protegido da luz e do
barulho e do frio, esperando que o sono e os vómitos tenham pena de mim.
É
assim desde os meus 11, 12 anos. Passou da minha mãe para mim e de mim para a
minha filha Sara. Não há nada a fazer.
Mas
a cabeça também não ajuda. Por que é que o ser humano é incapaz de ter uma
doença ou uma dor sem arranjar uma maneira de conseguir sentir-se culpado por
ela?
Somos
ajudados pelo nosso pendor para o melodrama. Eu aqui, por exemplo, vejo-me
aflito para não fazer como o frei Hermano e não me entregar todo à ideia que as
dores que me causam a luz do sol são causadas pelo desejo que sinto por ela.
Sou
ferido pelo que mais me atrai. É o brilho que me faz abrir os olhos que os
expõe à queimadura fatal da luz.
Raios
partam o talento que temos para transformar qualquer dor em castigo por um
prazer qualquer que conseguimos roubar ao mundo.
27. Insira pontuação (parágrafos também, se considerar importantes, use //) , título e destaque no seguinte texto:
Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou
um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu
acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e
nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter
gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes
do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja
em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos
Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à
gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir
para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências
Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava
a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim
até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por
dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha
Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para
salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra
malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô
comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas
o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no
bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico
ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e
como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora
fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o
encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém
saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do
pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz
com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o
meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios
de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço
é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e
depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que
este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então
se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a
privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça
ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano
faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que
me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam
para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não
interessa a ninguém e muito menos a esta vossa Guidinha que não está cá por ver
andar os outros.
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