Raquel Paixão
Exercício 26: Encontre título e destaque para o texto abaixo. (Indique também o género, embora seja quase insultuoso eu fazer esta pergunta.)
Título: Sem Cura
Destaque: Mas a cabeça também não ajuda. Por que é que o ser
humano é incapaz de ter uma doença ou uma dor sem arranjar uma maneira de
conseguir sentir-se culpado por ela?
Género: Crónica
Exercício 27. Dê um título, faça um destaque e insira a pontuação (parágrafos inclusive, se achar convenientes) no texto abaixo:
Título: Só Tretas!
Destaque: É o que eu
digo, mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente
em grande queira ir para a política!
Pontuação:
Tretas, tretas, tretas… A mim é que
não me levam mais, era o que faltava! Ou um ou outro é um
aldrabão. Disseram-me que o Pai Natal descia pela chaminé e eu
acendi o fogão para lhe queimar o rabo, para ele dar um grito para eu o
ver, e nicles… Quem ficou com o rabo a arder fui eu, que levei bumba
no toutiço por ter gasto gás! É só para ver como as coisas são, disseram-me
que ele trazia presentes do Céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que
eu vi numa montra duma loja em saldo, com o preço e tudo. Isto quer
dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser
criança. É o que eu digo, mentem à gente mal a gente nasce e
depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política! Outra
coisa que o Pai Natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais
aprovado para o primeiro ano. Ora abóbora, que se eu fosse má até
ficava a pensar que o Pai Natal é o meu pai! O que vale é
que eu sou boa, até ver… sim até ver, que se me pregam outra partida
como esta vão ver como é que eu sou por dentro, porque lá por dentro sou
má como as cobras. Se julgam que eu saio à minha
Mãe, enganam-se. Lá no fundo, eu saio ao meu pai, mas não
quero que se saiba para salvar o toutiço, que se ele adivinha isso é
bumba no toutiço até mais não! Outra malandrice que me fizeram foi
darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade
quando eu nasci, a pensar que eu era menino. Mas o diabo do velho quando
viu a enfermeira mudar-me a fralda, meteu o cavalinho no bolso e foi a
correr comprar uma roca de prata (porque nesse tempo o plástico ainda era
caro) e levou o cavalinho para casa para quando viesse um
menino. E como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas
dessas e agora fazem outras, o tal cavalinho foi escondido numa mala muito
velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos. Estou farta de brincar
com ele sem ninguém saber e vai este ano, bumba, apareceu-me no
sapato como se fosse um presente do Pai Natal… assim não
vale, abóbora! Que ou a gente é séria ou não é, isto até faz com que
se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste. Que o
meu pai queira enganar o Pai Natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e
Compêndios de Liceu, ainda eu entendo. Agora, que ele os compre
se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala. São estas
coisas que fazem a gente perder a fé, e depois espantam-se! Outra
porcaria que me fez o Pai Natal foi dizer ao meu pai que este ano os
presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu. Mas então se
aquilo é igual à Terra, para que é que lhe chamam Céu? Anda a gente a
privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e, bumba, aquilo é
como a Graça ou como o Areeiro! Eu é que não vou nisso e se as coisas
não mudam, para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma
reclamação para o deputado que me representa na Assembleia e
o Pai Natal vai ver como é que as moscas picam. Para aprender a
ser profissional a valer, que isto dum Pai Natal amador não
interessa a ninguém e muito menos a esta vossa Guidinha, que não está cá
por ver andar os outros.
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