quinta-feira, 15 de outubro de 2020

0.2. Um mundo em mudança

Francisco Mouta Rúbio

A era da pós-verdade será dominada por quem conseguir construir narrativas capazes de convencer o seu público online

Que interessa o facto? A profundidade de um ensaio, no jornal, a ser escondido pelo vídeo encapuçado no Youtube. No meio de milhares de posts, abas multiplicando-se no browser e apenas uns minutos para consumir notícias no smartphone, ainda há quem seja convencido por tácticas antigas destes novos instrumentos. “Aquele que consegue adaptar, com sucesso, as suas tácticas ao adversário, pode ser proclamado um líder divino”. Mensagem simples, breve e eficaz que hostiliza a “mídia”, confundindo o incauto, onde desencontra credibilidade e fake news.


Então, como podemos escrever para 2020? 


Se a rádio já tinha almoçado a escrita, video killed the radio star, agora a multiplataforma de conteúdos substitui a televisão. E onde entra o livro na rapidez deste tempo? Assumindo o digital como transformação presente, líquida e contínua na literatura, mas também regressando ao ofício do artesão do livro como peça a ser talhada de modo único (estética e intelectual) onde autores e editoras ganham o tempo que o nosso tempo já não permite a cada letra, ilustração e página. Mergulho na Feira Gráfica de Lisboa, esse universo que não é paralelo, mas muito estranho, agora desabitado por autores e onde apenas temos contacto com zines da Oficina do Cego, a poesia da (não) edições ou a serigrafia do Bazofo, que afirma: 


Sim, isto é possível.


Ler, escrever e pensar em quem lê. Colocá-lo no centro da obra, seja como personagem, receptor ou emissor e dialogar com ele, como no jogo mais democrático que existe: o ping-pong. “Editar significa escolher os livros, aceitar ou não propostas, trabalhar diretamente e muito os manuscritos com os autores, de forma que cada livro encontre os seus leitores”, afirma Bárbara Bulhosa, editora da Tinta-da-China. 



Fontes:

  1. Sun Tzu, A Arte da Guerra, Leya, 2015.
  2. Entrevista DN a Bárbara Bulhosa, https://www.dn.pt/portugal/entrevista/considero-que-esta-nova-geracao-de-escritores-nao-e-assim-tao-extraordinaria-5330635.html

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