Raquel Paixão (pontuação), Ferreira Fernandes (texto)
MARCELO, UMA RARIDADE
Já o contei e repito: no dia seguinte à eleição do Papa Francisco, voltei a vê-lo na basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Vi um papa que andava como um homem comum. Escrevi, “ele anda como toda a gente”. Gosto de pescar raridades destas. Ontem, fui ao lançamento do livro dum amigo, o fotógrafo Rui Ochoa. É um livro de assunto único sobre um homem num momento muito importante dele, durante o desafio para conseguir o desejo duma vida. Na segunda foto em que o vemos (na primeira está de costas), ele está em casa e acaba de saber que conseguiu. É um momento forte e um disparo certeiro do fotógrafo. Mas o que me traz aqui não é este - é o homem. O livro é sobre um homem que dá conta das pessoas à volta. Sabe-se da vida como os outros se dão conta de nós: com os olhos e com as mãos. Os olhos que nos procuram, as mãos que pousam em nós. Na campanha presidencial de Marcelo, são esses: o homem e o momento. Ele farta-se de se dar conta dos outros, na Bairrada com o leitão espetado e a entrar no forno. Marcelo torce o pescoço para olhar o assador e até aos adversários da campanha ele aproveita para lhes pôr uma mão no ombro. Eis o essencial, que o livro de Ochoa nos mostra: o balanço duma presidência faz-se, claro, no fim do mandato e assim será com este. Para já, sabemos que de comum ele tem pouco e que ele tem um interesse comum pelas pessoas. Ambas são raridades num presidente.
Pode ser o começo duma bela não sei o quê.
Sem comentários:
Enviar um comentário