Francisco Rúbio
Um livro deve facilitar a vida ao leitor? O prestígio do livro deve competir com o tempo de ecrã do smartphone, do tablet ou da televisão? Ou fundir-se neles e liquidificar a literatura? Parece-me, que, o árbitro ainda não apitou para o início deste encontro e o livro já saiu goleado. Os novos suportes transformam o livro numa outra coisa. Informação digital e descartável reunida numas linhas sendo apenas mais uma aba que divide o T0 da nossa atenção com a thread do Twitter, o vídeo de Youtube, o post de Facebook, a pesquisa do Google e o story de Instagram.
Movimento intelectual vs Movimento efémero. O livro dura menos que uma revista no quiosque. Italo Calvino foi incumbido de apresentar seis valores para a escrita do século em que estamos: Leveza, Rapidez, Exactidão, Visibilidade, Multiplicidade e Consistência. Ficou a faltar um. Antes de escrever o sexto, faleceu. Mas conseguiu prever o que o livro hoje deve ser. Os grandes pensadores têm esse dom: a antecipação.
Não acreditam?
Agostinho da Silva, numa das suas Conversas Vadias, convida Maria Elisa a perguntar-lhe coisas, e antevê: “vai haver tanta máquina a fazer tanta coisa que não vai haver emprego para os jovens, que nascerão desempregados.”
Sim, a experiência com o livro tem de ser difícil e profunda. Não há folhear, nem existe ligação com um ibuque, um mero ficheiro. Não se caminha até à livraria se comprarmos os livros todos numa plataforma digital. Deixa de haver adversidade. A sedução da leitura não é mesmo essa?
"Está muito na moda as pessoas quererem livros pequenos porque têm pouco tempo para ler, tanto assim que achei ser uma ótima oportunidade fazer um livro poético sobre aquilo que me interessa.” António Damásio, acerca do seu último livro, Sentir & Saber - A Caminho da Consciência, dá razão ao que o professor dizia há algumas aulas atrás: muitos capítulos e breves para não molestar o frégil leitor, por favor.
Fontes:
Sebenta Tedi 19 A pdf
https://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk
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