domingo, 25 de outubro de 2020

5 capas sob escrutínio

Joana Camões Pereira

Após uma longa pesquisa por livrarias em linha e pelas minhas reminiscências da Feira do Livro de 2020, escolhi 5 capas segundo um critério muito preciso: que capas saltam à vista numa montra virtual ou numa banca? Foi, por isso, uma tarefa intuitiva.

(Nota: As explicações que se seguem são absolutamente inúteis, pois o que for intuitivo para um e não for para outro nem em mil palavras será compreendido.)

Penso que o que mais me atrai nesta capa é a verticalidade da imagem: o demónio que voa com um homem de pernas para o ar — a subversão da postura anatómica do homem numa descida para o Inferno. Outro elemento, aqui não visível, que também atrai o olhar de quem passeia é as faces do miolo estarem pintadas de vermelho-escarlate.


Fixei os olhos nesta capa nas várias vezes que fui à Feira do Livro, até que o trouxe comigo sem muito saber sobre o enredo. Os tons creme e azuis do fundo misturam-se, as figuras negras — árvore e mulher —, quase réplicas, são natureza, as pétalas nas flores das ramagens e as que mancham a capa, a Lua e o vento representados: tudo isto numa só imagem prende o olhar, mas se fosse outra imagem feita a partir da descrição feita, teria o mesmo resultado? Provavelmente não, há algo de intrinsecamente belo na pintura japonesa e o capista soube capturá-lo no recorte certo.



Duas capas do mesmo livro: à esquerda, a original, à direita, a portuguesa. Porque me parecem tremendamente diferentes? Uma bem sucedida e outra uma falha de visão? Neste caso, a resposta é mais claro: enquanto a primeira parece uma sepultura assente numa superfície, a segunda assemelha-se tão-somente a um livro dentro de um livro sobre uma escala de cores fora do espaço. A ausência da leitura subliminar da capa original enfraquece a da tradução num ápice! Quem vê uma capa precisa apenas de uma coisa para saber se funciona — precisa de ver.


Esta trata-se de uma das capas de que mais gosto, graças à harmonia que existe entre a capa e o seu conteúdo. A grandiosidade da natureza é óbvia nesta pintura que posiciona o homem próximo da periferia, numa posição pequena em comparação com a árvore e até mesmo de dimensão diminuta se comprada com a cascata que ocupa toda a capa. É a simplicidade o que destaca esta capa das demais, assim como a da lombada preta com letras brancas e caracteres vermelhos.

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