Recorda como O Último Cabalista de Lisboa foi recusado por mais de dez editoras norte-americanas por se passar em Lisboa quinhentos anos antes. Essa é uma situação que ainda se manterá ou o romance histórico já interessa aos leitores americanos?
Escrevi esse livro antes de o romance histórico ficar na moda no mundo anglo-saxónico. Nos anos a seguir, os editores e os leitores começaram a apreciar esse género de literatura. Agora, o problema no mundo editorial é outro, e tem sido exacerbado pela covid-19. As editoras só querem publicar livros muito comerciais, daí que grande parte dos romances de sucesso sejam superficiais, repetitivos e pessimamente escritos. Uso a expressão clones, pois quando um livro sobre uma conspiração no Vaticano vende bem, aparecem mais 200. Uma moda agora é colocar "Auschwitz" no título. Qualquer romancista incompetente pode criar um péssimo livro e conseguir um bestseller colocando essa palavra no título. Acho um crime moral, pois é tornar um campo de morte numa estratégia comercial. Antigamente, uma boa editora publicava dez livros comerciais para ter o prazer de publicar três excelentes obras que provavelmente iriam vender pouco. Essa política editorial já não existe. É uma pena porque é cada vez mais difícil ao leitor sério e sensível encontrar excelentes livros. A única maneira de dar a volta à situação é apoiar autores de qualidade. Por isso, digo aos meus amigos para comprarem bons livros. Se não fizermos isso, vamos ter só lixo nas mesas principais das livrarias.https://www.dn.pt/edicao-do-dia/24-out-2020/disse-ao-meu-irmao-que-ninguem-o-criticava-se-decidisse-ir-ao-encontro-de-deus-eu-ajudaria-12951072.html?target=conteudo_fechado [Creio que não terão acesso a grande parte da entrevista, por ser exclusiva para assinantes. O resto também é muito interessante, mas este trecho ajuda a questionar.]
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