Hugo Alexandre Martins
O verbete que aqui se entrega à leitura vem no seguimento de uma tarefa proposta pelo docente na passada quinta-feira, dia 1 de outubro.
De todas as entradas que constam do programa da cadeira, duas há a realçar - por um lado, «Economia ou cultura?», e, por outro, «Uma actividade comercial ou cultural?».
Mergulhado durante largos anos no meu mundo interior e, à vista disso, alheado da realidade, criei, no que se refere à edição, uma ideia um tanto ou quanto desfasada. Na minha candura, qualquer bom escritor, recorrendo a uma editora, veria o seu livro publicado sem que fatores externos ao texto se metessem de permeio. Mais tarde do que cedo, apercebi-me do quão equivocado estava.
Nos dias que correm, muitos são os editores que, manietados pelas dinâmicas do mercado, se veem compelidos a fazer do livro somente um negócio, isto é, um simples produto transacionável, dando vazão àquilo que, não sendo literariamente bom ou de qualidade duvidosa, faz as delícias do grande público, que tende a valorizar o fácil de consumir.
A perceção que tenho é a de que as editoras, em ordem a manter a máquina oleada, já não se prestam a grandes experiências nem arrojadas investidas - pelo contrário. Arriscam cada vez menos, navegando águas mornas e dando prioridade àqueles livros que, comercialmente falando, garantem um maior fluxo de vendas, mesmo que tal implique protelar ou até prescindir da publicação de obras que, sendo interessantes de um ponto de vista estritamente cultural, não saciam os apetites do consumidor moderno.
Este infeliz cenário - o da crescente mercantilização da cultura escrita - suscita-me algum interesse. Em todo o caso, dele não estou plenamente inteirado, donde resulta parte do meu entusiasmo pelas sessões de Teoria da Edição em que os tópicos por mim escolhidos serão abordados.
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