É curioso pensar como nossas ações e escolhas são baseadas em questões: farei uma licenciatura em Letras ou Física? Mudar de cidade ou continuar em São Paulo? Estudar inglês ou francês? Aplicar para o intercâmbio ou seguir com a formação no meu país? Iniciar um mestrado ou uma carreira profissional? Essas foram algumas das muitas questões que coloquei a mim mesma nos últimos anos, questões que tiraram-me o sono, demandaram reflexão e um pouco de autoconhecimento, mas que por fim levaram-me a chegar onde estou.
Lidar com questões nem sempre é tarefa fácil, principalmente as de cunho pessoal, é um processo intrigante que pode resultar em possibilidades, caminhos ou numa outra questão. Ter certezas é mais fácil: sempre tive a certeza de que queria trabalhar com texto escrito. Sempre tive a certeza de que queria conhecer novas culturas e línguas. Sempre tive a certeza de que queria trabalhar com edição porque gosto de ler.
— E irá editar o que?
— Livros, é claro.
— Quais livros? Voltados para quais áreas? Poesia? Autoajuda?
— Poxa! Eis aí uma questão que ainda não pensei.
A certeza de que quero trabalhar com livros não tinha dado, até então, espaço para que eu levasse em conta questões práticas do ofício como, por exemplo, com quais textos quero trabalhar? Em quais editoras? Qual o papel quero desempenhar dentro do mercado editorial? São tantas perguntas acerca da profissão, sem considerar as que dizem respeito ao texto, ao autor, aos direitos de publicação, à editora, ao leitor, etc.
Quem sabe o sucesso neste universo não esteja atrelado a pensar incansavelmente em perguntas e soluções que contemplem cada ponto da trama, ou seja, do original ao texto final que chega ao leitor — um trabalho um tanto árduo. Ora, dedicar uma vida aos livros já não parece-me mais tão romântico quanto outrora e talvez este seja um aspecto importante a ser considerado diante da ideia de trabalhar com edição: conheça o terreno em que está a pisar, pois nem sempre gostar de ler será uma resposta para sua questão.
Karina Borges
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